Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente, como se o meu ser participasse de todos os homens, incompletamente de cada [?], por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço.Sê plural como o universo! Fernando Pessoa.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Mar nos olhos, oceanos.
 Saudades salgadas, não sei se plural ou singular.
 Parece ser uma saudade só que abarca tudo.
 Porque foi? Porque fim?
No final da contas ninguém realmente nos pertence ou pertencemos a nada.
O nosso só memória e ainda assim ela se esconde, vem fracionada.
 Dá medo de perder tudo, os sons se vão.. como era a voz? E a risada?
A memória está ficando muda.
 O que fiz com aquelas fotos?
Esquecimento não acaba saudade mas guarda dormindo, depois de muito ninar.
Mar nos olhos, agora rios, desses calmos.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

A deus dará


Quanto a isso e quanto a tudo, só me resta esperar. Quer dizer então que ficamos aqui, literalmente "a Deus dará". São tantas as coisas que independem dos meus atos, acreditar num destino onde tudo isso faça parte, me parece um delírio.
 Não consigo absorver essa concepção de esperar, o tempo dirá. Não me aquieto nem em fila de espera, estou lá, observando tudo, balançando as pernas e estalando os dedos e imaginando o que eu estaria fazendo se não estivesse ali. Pergunto-me se para esperar é necessário manter-se em inercia, porque se for, até meu esperar, que acontece tão raramente, é todo errado.
Sinto que nem o que depende só de mim tem sido feito de forma correta, que o diga aquela dieta adiada pela pizza quentinha, pelo chocolate, nessas horas me vejo como alguém imediatista que apenas age por prazeres próximos e visiveis.  Talvez no final das contas eu não vire nada relevante o suficiente, depois de tantos projetos e sacrificios feitos pela metade. É uma pena, ou não, as pessoas projetam sua esperança em mim, como se fosse realmente extraordinária  e devesse fazer algo importante, talvez não seja e tudo isso seja dito com o intuito motivacional.
 Já procurei tantos livros para compreender como funciona esse ciclo de evolução, para acalmar minha ansiedade pelo futuro. Já me falaram em metas anotadas num papel, em um deixa a vida me levar,paciência, determinação,quiça um bom adivinhador. E também já me disseram que o futuro só existe na minha mente, deve ser por isso que o brasil é o país do futuro e  o meu futuro, ele muda toda semana, de acordo com a minha coragem de enfrentar todas essas intercorrências presentes, principalmente a minha mania terrivel de procrastinação.
 Não há muito nexo no que aqui escrevo, são só pensamentos aleatórios, não me julguem e se julgarem não me contem o veredito, se disserem retrucarei como quem não se importa mas analisarei cada palavra dita e cavarei a fundo todos os defeitos mencionados e acharei que as qualidades foram ditas por educação, norma de etiqueta de uma critica. Quão confuso é ser elogiado, sempre sinto não merecer, penso que não me conhecem realmente a fundo ou que talvez eu não me conheça.  Lembro-me de algumas atitudes minhas ou puros pensamentos, aquelas que não contamos a ninguém, nem contaremos, me vejo suja, parece que ninguém é tão limpo quanto parece, isso me conforta, meus "podres" são recolhidos as minhas lembranças e não estão estampados nas capas dos jornais. 
 Me disseram uma certa vez que devemos optar entre ser feliz e ser "alguém", pois ser "alguém" requer um sacrificio, um abandono de coisas que amamos e que sonhamos amar algum dia. Parece que não dá tempo de ser alguém e ser feliz, talvez se vivêssemos uns 200 anos, ainda seria insuficiente, ou se tivéssemos um prazo de validade impresso para distribuir o tempo de uma forma melhor. 
Parece que o sentido de viver é não saber.

-- 
Etienne Acácio

domingo, 12 de janeiro de 2014

Numa certa época do amor começamos a sentir medo...não medo do amor, de amar, mas de perder , perder para algo ou alguém. E então , toda aquela insegurança novelesca ridícula, racionalmente falando, vem a tona.
O medo te faz agir de forma insana, elaborar teorias com fulcro em ideias que racionalmente seriam substituídas por risadas. E aí  moça , porque você tem que ser sempre tão coração? Porque o sentimento estampado nos olhos do teu alguém amor não acalma o teu temor de perder?


quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Persiste a impressão de que deveria ter me esforçado mais, que a ânsia de fazer tudo, viver tudo tenha me atrapalhado de tal forma que nada consegui. Daqui pra frente vejo escuridão no caminhar, um punhado de dúvidas afogam todos os pensamentos, o desejo de nada fazer, dormir mais um pouco, desligar, ignorar .. É forte... Porque desistir é tão cômodo? Acho que desistimos menos por medo da recriminação de um terceiro que pelo medo da consequência da desistência.
Então não da pra desistir... O plano de independência mais parece uma utopia agora, eu a tinha visto tão próxima de meus braços dias atrás ,mas agora está lá em algum canto da escuridão que tenho que percorrer
... Quem deseja liberdade é taxado de rebelde anarquista... Mas na verdade a vontade se resume boa parte das vezes em tirar o peso das costas de alguém, carregar seu próprio peso, ser seu próprio fardo.
Quero sentir meu próprio peso.. É isso.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Gula

Meu pecado desde sempre foi a gula, antes fosse apenas saciados com quitutes e guloseimas facilmente alcançáveis, minha gula sempre foi de livros infinitos, devora-los todos juntos e ao mesmo tempo.
 Foi mais ainda gula de mundo, de saborea-lo do amargo ao doce com o pé na estrada por ai... 
Tive e ainda tenho gula de pessoas de saborear suas companhias e ama-las até não caber mais... As vezes mais de uma que de outras, hoje mesmo de uma só, que absorve todos os meus pecados,capitais ou não, a gula que tenho de descobrir cada gostinho de cada sentimento temperar meus dias com o sabor de suas lagrimas e de seu sorriso  e embora digam que nao faz bem cultivar pecados esse eu pretendo ,literalmente, alimentar... A gula desse alguém que eu devoraria e me deixaria devorar por ele para absorver toda a essência e infinidade de sabores que me apetece mais a cada dia. 

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Existe evidentemente um temor que habita o peito, sobre um futuro.
Nessa nevoa de imprevisão só se enxerga ansiedade e medo, quando se vê que o tal  destino, se é que a coisa funciona assim, não depende apenas de mim mas de uma serie de fatores temporais e atos pessoais passados, presentes e futuros.  


Que tenhamos tempo, perdendo-nos e encontrando-nos nele
nos conhecendo e nos encantando a cada passo desse caminho.