Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente, como se o meu ser participasse de todos os homens, incompletamente de cada [?], por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço.Sê plural como o universo! Fernando Pessoa.

terça-feira, 28 de junho de 2011

entrelaço

 O abraço aconchegante, a respiração ventilando a nuca, o arrepio.
Palpitação impossível de disfarçar pela tamanha proximidade dos corpos.
O cheiro da pele impregnado, na roupa, no corpo, na alma. Aroma da minha saudade.
Olhos fechados, para que nada corrompa a pureza desse abraço, que não necessita ser visto.
Apenas sentido. 
O desejo real  é que dure eternamente o entrelaçar,  transforme-se em nó, para que jamais desate. Infelizmente não há tempo, os braços se separam, já é hora de ir. Seja pelo adiantar da hora ou pela ansia de fazer do abraço algo mais.
Em meio a despedida paira na mente  a vontade de pedir mais um, tão longo e aconchegante quanto o anterior. Mas a mesma mente se contem reforçada pela timidez e pelo medo de ultrapassar o limite imposto por ambos. Cumpra o trato deixe passar...

sexta-feira, 24 de junho de 2011



Moro no vagão da lembrança.
Bebo goles de saudade diarias.
No instante agora o nós está ausente. 

segunda-feira, 20 de junho de 2011


A saudade clichê  sempre bate no peito. 
Os pedaços de lembranças estão por todas as partes, ignoro-os.
Fotos, cartões, tudo, na caixa  no canto do armário.
...Quisera por meu coração também.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Você precisa desabafar, falar de si, das dores, decepções, ansiedades, medos. Precisa verter lágrimas, soluçar num choro desesperado ao ponto de embargar a voz e ter que respirar fundo para pronunciar a próxima frase. Precisa mais ainda de  um abraço apertado para sentir que não está sozinho, um afago nos cabelos, o colo aconchegante, um olhar compreensivo que diga em silencio que tudo vai passar.

Vai passar...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Plantei em solo fértil, reguei com a mais pura água. A arvore cresceu floresceu, era a mais bela de toda a primavera. A admirava com paixão por todos os dias. Mas eis que chega o outono, as flores se foram ,as folhas murcharam, perderam a cor, caíram e o vento as levou. Senti-me impotente, corri desesperadamente atrás das folhas, mas o vento as levou alto e distante demais. Perdi a esperança, meu coração se encheu de dor e saudade. Mergulhada numa tristeza profunda, abandonei minha arvore, já não fui mais ao jardim, tudo para mim era outono, seco, marrom e sem vida como aquelas folhas que partiram. 
Um dia a brisa abriu a janela, meus olhos não puderam crer, era ela, a minha arvore, florida outra vez, mais bela que em minhas lembranças. O sorriso voltou a minha face. Todo a dedicação a arvore não tinha sido em vão, era apenas uma fase, faltou-me compreensão e paciência e por isso sofri tanto. Mas ela teve a sabedoria que eu não tive,aguardou-me e por mais que sentisse minha falta não deixou de crescer e passar por todas as fases que deveria passar.

domingo, 12 de junho de 2011


 Levaste tudo, as cores, os cheiros, os sabores, os sorrisos, os desejos...
Porque não levaste nos bolsos todas as tuas lembranças? Não as quero. Não quero lembrar-te.
Devolva-me o que é meu.
Não quero nada teu. Se nao vier imediatamente acompanhado de ti.

terça-feira, 7 de junho de 2011

prece

Que a alegria ao ver-te limite-se a um sorriso comedido e sutil.
Que os cumprimentos já não passem de apertos de mão, rápidos, para que não notes  a frieza e o transpirar excessivo de minhas mãos.
E quando os olhares se cruzarem que corram rapidamente em direções opostas, antes que possa ler os pensamentos refletidos em minhas pupilas.
Que meu coração não acelere tanto ao ponto de ruborizar meu rosto em tua presença.
Que teu aroma doce não me roube suspiros, e se vier a roubar que eu saiba conte-los e suspira-los distante de ti.
Que me brotem forças para não desejar teus lábios que outrora beijei com fervor.
E quando surgires repentinamente, que eu saiba disfarçar meus olhos inundados de emoção.

Que esse amar flua em meu corpo, saia pelos poros e evapore no ar, juntamente com as lembranças que já não posso guardar do amor que nunca pude ter.

domingo, 5 de junho de 2011

Olhos
 Entreolhando-se
Olhos brilhantes,
que refletem lembranças doces
Olhos sorridentes
 Cumplices de algo que jamais poderão contar...
Olhos que falam
O que a boca não deve falar
o que ninguem pode escutar...