Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente, como se o meu ser participasse de todos os homens, incompletamente de cada [?], por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço.Sê plural como o universo! Fernando Pessoa.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Parou a vida, para olhar o amor, sentou, admirou e temeu o amor no mesmo instante.
O amor hora alguma parou para ser admirado, olhou-se no espelho, sorriu ou fez gracejos para demonstrar simpatia.
Continuou sendo amor como era e não deixará de ser.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Pra que serve um rosto conservado e sem rugas se vc não tem historias pra contar...
Prefiro as queimaduras de sol, as olheiras e os arranhões se eles me renderem emoções suficientes.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Hospede do meu coração, não sei com que chave entraste aqui, que eu saiba não foste até a recepção, não reservaste  data nem local com antecedência. Não me lembro ao menos de ter deixado chaves debaixo do capacho velho da porta da frente. Deparei-me contigo aqui em um dia qualquer, uma daquelas faxinas de domingo, andava numa ocupação  que nem percebi o novo habitante, não lhe preparei uma boa recepção, aconchego e sorriso, mas quando o ví, pareceu-me sentir-se em casa como nem eu me sentia.
 Hospede meu me ouça, me atenda, obedeça, não bagunce a casa, a confusão me faz perder o eixo  e o rumo, não permaneça muito tempo parado, limpe a casa, essa poeira toda ressucita a minha alergia a monotonia.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Gostaria de uma forma estranha, até mesmo para mim, agradecer por me poupar do amor, não que deixe de sê-lo assim abruptamente, mas hoje após transpirar  e respirar inumeras vezes noto que de veras não estava preparada para senti-lo. Não ainda.
 Julguei-te egoísta quando na verdade o egoismo habitava em mim que não enxergava nada além do que  desejava  a minha frente, olvidei-me de todo o demais, não medi, a racionalidade havia partido já a algum tempo.  A depender de mim atropelaria tudo, tomando um ou outro analgésico para aliviar as dores dos ferimentos. Você sabiamente soube me poupar de cicatrizes, as quais  me lamentaria futuramente.
 Perdoe-me por ver-te com meus olhos de paixão imediatistas e incompreensivos, faltou-me tanta coisa que a ânsia não me permitiu ver.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Você crê mesmo que coragem é cultivar desapego?
 Coragem para mim  é se apegar, abrir o coração.  Coragem é se aventurar nas estradas confusas do amor, que é cheio de caprichos, sem mapa. Dar a cara a tapa, conviver com alguém diferente de você e fazer com que isso seja bom. Coragem é engolir o orgulho assumir o erro e pedir perdão. É assumir atos e sentimentos. Desapego é covardia, desapego nada mais é do que medo do imprevisível. A solidão é fácil, conviver consigo mesmo, o alguem que você já conhece os atos e os mistérios mais ocultos.
 O apego é difícil, as vezes dói, as vezes te trás lagrimas... mas aquela  arritmia cardíaca vale todas as possíveis penas.
Alma de Babel ...

sábado, 14 de janeiro de 2012

Não se inventa sentimento, ele ja existe, deve-se conquista-lo para que ele te proporcione uma estadia feliz enquanto você em sua casa morar...

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Andei cheia de precipitações até a tampa. Cobrindo feridas para ignora-las despreocupada com a cura. Nos caminhos ruins tropecei  e surgiram novas feridas. Mais do mesmo, a ânsia pela resolução constrói uma sequencia de erros.
Tudo é angustia, medo e imperfeição.
 Todos os atos falhos tornam-se tão evidentes depois de um tempo que é difícil crer que algo assim tenha sido feito pelas próprias mãos.
 O tempo todo dispensado, outrora tido até como investimento, parece-me vão, todos os minutos somados a lagrimas, insonias e dores de estomago. Como apegar-se a algo tão irreal, como substituir algo que não se sabe o que é. Creio que tu enchergava com os olhos e eu te via com uma lupa tamanho foi o espaço que guardei para tí em mim, que quase me desocupei por completo.
 Insensato seria culpar-te pelo intento de substituir-me, pois nunca tive lugar em ti. O teu, eu inventei, afastei tudo para que coubesse, inventei espaço, que agora é vago, ou sempre foi..
Trace planos com  tripulantes substituiveis, o barco é seu, você deve saber hastear as velas e manter firme o leme quando a tempestade revoltar o mar que te rodeia.

domingo, 8 de janeiro de 2012

A venus segue amando agora mesmo sem braços para envolve-lo. Perdeu-se deles no furor da vida, mas isso não fez da venus menos amor. É como se o resto do corpo fosse todo braços e abraços envolventes para que o amor não deixasse de ser por mais improvável que fosse.

sábado, 7 de janeiro de 2012

 Os corpos que atreveram-se  entre cobertas na escuridão, na claridade se estranham. Se conheceram por mãos e desejo cego, não por olhos, estes que fogem do corpo alheio recusando-se a crer que outrora  saliva, suor e tato coabitaram o alheio estranho corpo.
 A naturalidade com que as roupas foram tiradas e jogadas para cada canto incerto do quarto, a facilidade das unhas entrando na pele e dos dedos perdidos em cabelos, para onde foi  toda a intimidade quando tudo clareou. Permaneceria melhor cegamente lado a lado em olhos fechados guiados por tatos e odores que lhe trouxeram felicidade e mais, prazer.
Que a visão turvou toda a intimidade existente entre eles, ruborizou suas faces e o orgulhoso prazer sussurrado ao pé do ouvido tornou-se constrangimento.  Que há de errado nisso, os olhos nunca se pronunciam a respeito, sempre se escondem atrás de pálpebras obedientes.
 O tempo dos olhos deve ser diferente do restante do corpo, o tato o olfato e o paladar são mais adaptáveis, por isso tantas coisas de olhos fechados, a visão seria talvez a pior forma de ver.