Os corpos que atreveram-se entre cobertas na escuridão, na claridade se estranham. Se conheceram por mãos e desejo cego, não por olhos, estes que fogem do corpo alheio recusando-se a crer que outrora saliva, suor e tato coabitaram o alheio estranho corpo.
A naturalidade com que as roupas foram tiradas e jogadas para cada canto incerto do quarto, a facilidade das unhas entrando na pele e dos dedos perdidos em cabelos, para onde foi toda a intimidade quando tudo clareou. Permaneceria melhor cegamente lado a lado em olhos fechados guiados por tatos e odores que lhe trouxeram felicidade e mais, prazer.
Que a visão turvou toda a intimidade existente entre eles, ruborizou suas faces e o orgulhoso prazer sussurrado ao pé do ouvido tornou-se constrangimento. Que há de errado nisso, os olhos nunca se pronunciam a respeito, sempre se escondem atrás de pálpebras obedientes.
O tempo dos olhos deve ser diferente do restante do corpo, o tato o olfato e o paladar são mais adaptáveis, por isso tantas coisas de olhos fechados, a visão seria talvez a pior forma de ver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário